Nasce Augusto Davi, o primeiro bebê de barriga solidária de Umuarama

AMOR AO PRÓXIMO
Ser mãe é um sonho comum à maioria das mulheres. Para a funcionária
pública Andreia Silamã (41 anos), mais que um sonho, ser mãe tornou-se um ideal
a ser conquistado. Com problemas de fertilidade, Andreia e o marido Leonardo
Zanon (47) anos, procuraram várias alternativas. Mesmo depois de uma
inseminação artificial, que culminou em um grande sofrimento com a perda do
bebê e o fim da capacidade gestar de Andreia, eles não desistiram.
Nesta terça-feira (29), nasceu Augusto Davi, filho de Andreia e Leonardo,
fruto de fertilização in-vitro, que foi gestado no ventre da tia, Andressa
Regina Silamã, 36 anos, irmã de Andreia. O lindo bebê nasceu com
3,896 quilos e 50 centímetros, forte e saudável, de parto cesariana,
realizado no Hospital e Maternidade Norospar – foi o primeiro bebê de barriga
solidária de Umuarama; um marco para a medicina de toda a região.
Durante 14 anos Andreia tentou ser mãe. Nesse tempo teve duas gestações, mas
devido a complicações de saúde acabou perdendo os bebês nas duas tentativas.
“Na minha segunda tentativa realizei a Fertilização In Vitro, deu tudo certo e
quando estava com seis meses de gestação perdi meu filho. Foi mais um momento
difícil e eu já estava sem esperanças”, relembra a nova mamãe.
Logo após perder o segundo filho, Andreia soube que não poderia mais ficar
grávida, o que lhe causou um profundo sofrimento emocional. Diante disso, sua
irmã, Andressa, que é técnica de enfermagem, se ofereceu para gerar o filho do
casal através da barriga solidária. Inicialmente, foi uma surpresa para família
e amigos, mas logo depois todos apoiaram e deram forças as irmãs.
“Ela já havia falado comigo outras vezes que estava disposta a gerar meu
filho, mas eu pensava que era apenas no momento da emoção, por estar me vendo
mal, não achei que ela realmente faria isso. Esse ato de amor incondicional”,
acrescenta.
Andressa passou pela Fertilização In Vitro e logo veio a notícia: Augusto
Davi começava a ser gerado e em breve estaria nos braços de Andreia e Leonardo.
“Foi uma decisão movida unicamente por amor. Fico muito feliz em poder dar essa
felicidade para minha irmã, é impagável tudo isso”, diz Andressa.
Para o médico ginecologista e obstetra Dr. Ezequiel Mattei, que acompanha
Andreia desde a gestação anterior, esse é um momento inesquecível e uma
demonstração de amor. “Ainda existem no mundo pessoas com amor pelo próximo,
que são capazes de um ato de grandiosidade como a Andressa fez pela Andreia”,
afirma.
A inseminação artificial foi realizada em Curitiba e já na primeira
tentativa a fertilização deu certo. De volta a Umuarama, as irmãs iniciaram o
pré-natal. Andreia acompanhou Andressa em todas as consultas, exames e rotinas
do pré-natal.
Quando a gestação completou 16 semanas, um susto colocou o sonho da família
em risco. “Andressa teve um sangramento considerável e desenvolveu diabetes
gestacional. Ficou hospitalizada e exigiu muita atenção da equipe médica e
assistencial. Felizmente, o quadro foi revertido e o restante da gravidez
ocorreu de forma normal”, conta o médico.
“Esse é um caso muito especial, um dos mais emocionantes que já acompanhei
na minha carreira. Um caso assim aumenta muito a responsabilidade médica.
Procedemos com muita calma e cautela. Para todos nós da equipe, este foi um
momento especial”, finalizou o Dr. Ezequiel.
Tia, mamãe e bebê passam bem e devem receber alta na tarde desta quarta-feira.
Barriga solidária
O nome técnico para “Barriga Solidária” é útero de substituição. A barriga
solidária acontece quando há participação do útero de uma outra pessoa para
receber o embrião de um casal, pessoa que não pode gestar.
A condição não é muito comum no Brasil, mas é legal e proporciona às
famílias a felicidade de ter um filho. Decidir pela barriga solidária envolve
termos e condições tanto dos pais como da mulher que irá gerar a criança. Ambos
passam por atendimento psicológico para se prepararem para o momento do
nascimento.
O registro de Davi Augusto foi feito de acordo com a resolução nº 63/2017 do
Conselho Nacional de Justiça e acatado pelo Registro Civil de Umuarama.
Imagens e reportagem – Lois Longui
Redação - Rosi Rodrigues